música

CALDO DE CANA – primeira do disco no YouTube

Estamos aqui na ilha principal de edição da Luni. Acabamos de montar a primeira música do show de lançamento do “Tem Juízo…” no Teatro da UFPE, Recife . Foram 5 câmeras. Capitaneadas por Leo Crivellare e Jackie Feitosa. Tudo HD e som multitrack. Estamos agora aplicando o som que veio de Carlinhos Borges (Estúdio Carranca).

Começamos pela música título. Engraçado que ela é a décima quarta na ordem do show. É um resfolego de simpatia no meio de um repertório meio denso. Vamos jogar na rede. Daqui a pouquinho vai estar disponível no YouTube. E assim vai ser com todas as outras. Caldo de cana. Moeu, escorreu pelo cano, tá pronto. Cristiano Lemos editou a base e a gente deu pitaco. Agora é de vocês. Espalhem, mandem pros parentes no Nepal e pros amigos no Japão. Só na vibração. Quando tiverem várias canções, daqui a uns dias, juntem tudo num DVD e pirateiem adiante.

  • Rio, Sampa, Araraquara e Porto Alegre são nossos próximos destinos. Depois Floripa, Curitiba, BH, Brasília e Salvador. Se você também tem juízo mas não usa, aliste-se já.

Ao vivo, no YouTube.


VIVA O ENCARTE!

FALTA 1 DIA PARA O SHOW DE LANÇAMENTO – QUINTA NA UFPE

CAPA do CD

CAPA do CD

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Ainda sou uma pessoa atômica. Feito de átomos. Em meio a pulverização digital. Por isso adoro encarte de disco. O cd pode ser genérico. É apenas uma mídia de transporte, basta que toque bem. Mas tem que ter a capa legal, as letras, fotos, ilustrações, textos, créditos (os créditos!) de quem participou. Senão esvazia o trabalho, perde a noção e subtrai do usuário o prazer físico e intelectual (no bom sentido) de possuir um bem palpável. (O papo tá ficando meio esquisitão mas a vida é feita dessas mini libidos do cotidiano). De poder ajustar o libreto ou a caixinha ao seu campo focal. Degustá-lo – caso seja o caso. E poder andar pela casa, encarte à mão, tomar um copo d’água enquanto assimila seu conteúdo.

Estou me contrapondo a duas correntes que avançam concomitantes na esfera da música. Duas vorazes e velozes tendências da modernidade: a pirataria e o I-Tunes. Não é questão de ser contra. Download é para todos. Essa é uma batalha que já foi vencida. Por eles. Mas que ainda demora alguns anos pra ser consumada no todo, essa é a graça. Uma causa. Um espaço de mercado e de criar novidades. Uma missão de fé. Viva o encarte.

Eu tô dizendo tudo isso pra apresentar o encarte do TEM JUIZO MAS NÃO USA. Eu já falei aqui, em posts anteriores sobre a capa, sobre Luca (o cara da capa), sobre Aninha Barroso que fez a foto. Agora vamos ao miolo.

Zezão Nóbrega é um sujeito aparentemente calmo, caladão, presta atenção em tudo ao redor. Amigo de muitos anos. Além de fazer música eletrônica é um designer de primeira. Foi ele quem criou a logo da Luni, nossa produtora. Também a marquinha do Agora Curta, programa semanal que a gente faz de cinema e passa todo domingo depois do Lance Final, na Globo.

Ligo pra ele: dá uma chegada aqui. Zezão aproveita o horário de almoço da Marta Lima Comunicação, agência onde ele trabalha. Digo logo na bucha: o disco mudou de nome. Vamos recriar o encarte. Pior que o trabalho gráfico anterior estava lindo, sutil. Coerente com o título anterior “TUDO ENZIMA “. O novo nome mudaria tudo. Mas ele percebeu rápido. O conceito tinha voado pelos ares.

Sugeri que a gente mergulhasse no elemento banal, na imagem de coisas frugais do dia a dia vistos por outra ótica, outra lente. Zezão saiu e mandou dois dias depois este material.

PS – Copie, amplie, faça seu próprio encarte e esqueça o que eu falei no início.


Hoje tem Geusa no MySpace.

Hoje é quinta 19. Março é um mês que passa rápido. Talvez por eu ter nascido no meio dele. É pau, é pedra. São as águas do rio, aceleradas.

São quase dez da noite e estamos eu, Pedrinho Fonseca e Lucky Luciano aproveitando o silêncio aqui da Luni pra pensar os preparativos pro show. Daqui a uma semana, dia 26, estaremos lançando o disco no Teatro da UFPE. Hoje o ensaio foi bem legal.
Nesse momento estamos introduzindo mais uma música nova no MySpace. Na verdade nem é tão nova assim. Ela surgiu nas gravações do Aboiando a Vaca Mecânica, que Felipe Falcão produziu comigo em 2000. O nome: Geusa.

Eu sempre escrevi sobre mulheres que tem nome pouco usual. Nunca fiz música com nome de Mônica, Márcia ou Sandra. Mas temos Alzira (com Lenine), Dos Anjos (com Lulu Oliveira), Luzineide (com Felipe Falcão), Noite Severina (com Pedro Luís), entre outras.

Porque quem tem um nome assim merece uma homenagem . São prenomes quase em extinção. Me aproprio deles (delas) pra criar minha ficção paralela. Meu próprio desfile de atmosferas e fragrâncias. Imagino que posso, no meu mundinho fuleiro, fantasiar seus nomes de singeleza, tormento e glória.

Stephen Levitz dedica o fim do seu Best-Seller Freakonomics, a prever quais serão os futuros nomes de cidadãos americanos 10 anos depois de ter escrito seu livro. Cruza as classes sociais, cor, grau de instrução dos pais e profetiza como serão batizados os futuros americaninhos do norte. Talvez ele reveja seus dados estatísticos do MIT. E descubra que milhares de gringuinhos, principalmente negros e muçulmanos já estão sendo registrados por seus pais orgulhosos com a tamborilância dos 3 fonemas do momento: Obama. Ou Barack. Stephen não esperava por essa.

Pois aí está – GEUSA. Música nova no MySpace.com/Lula Queiroga. Tem participação de Lirinha, Silvério Pessoa e Pupillo.
Hoje é noite de Geusa.


FALTAM POUCOS DIAS PARA O FUTURO

(Para Bráulio Tavares)

2014. Lá se vão 30 anos depois da data prevista por George Orwell. Aquele do livro 1984 – uma metáfora sobre o controle da sociedade sobre o indivíduo. Dali tirei duas constatações: que como nos gibis do longínquo Flash Gordon, o futuro não é mais como era antigamente. Outra: quem mais lucrou com o Grande Irmão, personagem central do livro, foi Jon De Mol. Presidente da Endemol, criadora do reality BigBrother.

2014. Eu no futuro. Desço a escada giratória do Volkswagen Hall. Noite de inauguração da casa. O VH fica no finzinho de Boa Viagem. Onde antes eram as ruínas do Parque Dona Lindu. Que ainda pode vir a ser inaugurado caso nosso conterrâneo ex-presidente vença mais uma vez. Filho da mãe. Lindu. Mas voltando:

o show de Vitor Vinicius foi sensacional. Vivi é um multiinstrumentista multimídia daqui do Recife. Tá bombando no mundo inteiro. O site zeropontozero criado por ele 15 dias atrás virou coqueluche. Ontem foram 30.000.000 de acessos. Suas paisagens sonoras vem, desde o fim do ano passado, sendo retwittadas por internautas dos 6 continentes. Sua musica dá voltas sobre a Terra. Milhares de inputs simultâneos em altíssima velocidade cruzando o céu sobre nossas cabeças.
Todo esse sucesso de Vitor Vinicius não se deu por acaso. Desde a primeira infância seus pais o condicionaram ao mundo dos recursos musicais. Hoje, aos 7 anos de idade teve suas canções “Medo de ficar Velho” e “Tabuada Randômica” executadas no Central Park de Pequim por 6.000.000 de rigtones simultâneos. Uma honraria para poucos – como disse o gravurista Thom Yorke, ex-Radiohead. 6.000.000 de crianças chinesas com o celular apontado pra rede de satélites. Sorrisos e luzinhas azuladas contra o céu cinzento de fumaça. Uma zuada infernal. Barulho da Gota. Seus pais estão podres de rico. Fizeram o negócio acertado.

O show foi emocionante. Vivi tem sensibilidade e sabe conduzir a platéia com seus dotes magnéticos. E ainda é um puta músico.
Com os olhos e ouvidos cansados de tanta informação, resolvi espairecer. Botei os falantes no ouvido e liguei o DS Light, a nova geração do I-Doser (Drogas Sônicas leves). Botei 7.30 hz. Apareceu a palavra maconha. Dei play.

Usei uns vinte minutos o barulhinho bom de baixa freqüência. Desliguei. Fui encontrar Dani Hoover, minha mulher e sócia no Complexo Zé Estelita. O complexo fica no centro do Recife. 15 prédios de 50 andares ao lado das torres gêmeas. Entramos no Anjo Solto, que antes era na galeria Joana Darc.

Encontramos Lírio Ferreira e Tião. Falamos sobre o documentário deles sobre os 106 anos de Niemeyer. Chegamos a mesa de nossos compadres Aluisio e Taci. Ele, um fanático, não conseguia ocultar sua extrema ansiedada. E ainda faltam 9 dias para a partida final em Tóquio onde o super time do Sport poderia sair de lá com a taça do bicampeonato mundial. Léo Crivellare chegou na mesa e disse com seu ar irônico: FALTAM POUCOS DIAS PARA O FUTURO. Todos sorriram. Marcelo Pinheiro na mesa ao lado comentava sobre o Jornal Nacional de hoje onde todos os intervalos, todos os comerciais eram com Ivete Sangalo.

Chegamos em casa cansados. A TV ligada passava BBB15 com Zeca Camargo – que assumiu depois do acidente com Pedro Bial. O paredão era entre um albino africano e um anão de circo. Nem vi quem saiu da Casa. Dormi antes. Coisas da idade.


DAS CANÇÕES DO DISCO NOVO

Ouvi essa frase de alguém. Tem Juízo mas não usa. Provavelmente do meu pai, Luiz Queiroga, que era um colecionador de jeitos de falar.

Apaixonado por expressões populares, inundou minha infância e adolescência com pequenas pérolas da fala. Tenho milhares delas boiando na memória. Talvez tenha sido ele. Tipo:

– Fulana é uma menina que tem juízo.
– Tem juízo mas não usa.

Eu tava no Rio e marquei com meu compadre Pedro Luis, pra gente se encontrar na casa dele, na Lagoa. Levar um som, ouvir coisas, o primeiro álbum de Roberta Sá que tinha uma música minha “ Ah, se eu vou”. O disco ainda nem havia sido lançado e no qual ele tinha produzido algumas faixas junto com A Parede.

Pedro, bom de tudo, tava estudando reco-reco (no tempo em que reco reco tinha hífen).

Gravamos alguns sons e textos no computador. Era sábado, dezembro, uns quatro anos atrás. Pedro me copiou um cd daquela sessão. Trouxe pra Recife. Perdi. Tempos depois Pedro também perdeu o HD do computador dele e o material ficou 3 anos esquecido. Até eu achar, numa bolsa dentro do meu armário, dentro da caixa de outro cd, embaixo do cd original. Tava escrito : Lula/Pedro Rio 2004.

Como tava em plena febre musical por causa das gravações do Tem Juízo (que claro, não tinha esse nome porque a música ainda nem existia) escutei bem alto, subwoofer no talo.

Arrastei uma melodia. Era um samba. Reco em primeiro plano. Vozes ao fundo. Ouvi 30 vezes. Fui começando a dedilhar frases mentais tentando fazer a letra parecer com a fonética das vozes que trançavam a melodia. Chamei a galera e gravamos no mesmo dia.
Liguei pra Pedro tentando disfarçar a euforia.

– Achei ! Acabamos de terminar nossa nova parceria e desconfio que tá ficando do caralho !

Ele a princípio não entendeu nada.

O samba tem uma levada sacudida, cadenciada. Percussão polirítmica e letra psicodélica. Homenageia o fim do mundo, saúda o aquecimento global e pede passagem. O ser humano não é responsável por foder a natureza. Somos, na verdade, irresponsáveis por natureza. Não tem como evitar, nem pronde correr.

“Se eu olho pro sol é pra cegar o juízo/ Enquanto o gelo derrete/ a água tá subindo/ O chão/ sacudindo/ A gente tem juízo mas não usa.”

Lenine gravou voz aqui no estúdio da Luni, mergulhou no clima malemolente, diria indolente da canção. Deu trato de luxo a esse híbrido de samba. Também tem Nena nos vocais deslizantes, parece água de chuva descendo ladeira. Guitarras safadas, moleques, transviadas.

No fim entra o corão caudaloso, tradicional.

Como se fôssemos todos um grande cordão de cúmplices da sacanice planetaria. Orgulhosos da nossa própria fuleiragem.

E quem escutar a música até o fim, vai ouvir o violão de aço de Lucky, brincando de ser Novos Baianos.

Depois do show do Canecão, no finzinho de 2007, Dani, minha mulher arretada e produtora executiva , sugeriu que a gente devia mudar o nome do disco. Ao invés de “Tudo Enzima”: Tem Juízo mas não usa. Braulio Tavares, meu mestre do discernimento, concordou. Então mudei. Em pleno Guanabara, no Baixo Leblon. Meia noite. Calor humilhante. Garçom, outro chopp.


LactoVacilo

Vacilo -Set list – 10.000 plays em 20 dias – Myspace – Silvio Meira – site novo – Luca – Anna Barroso – Texto editorial

No último post eu ameaço dizer o set list do show mas não disse. Touca. Mas então, lá vai:
1 Altos e Baixos
2 Você não disse
3 Manga, Graviola, Hortelã
4 Eu no Futuro
5 Noite Severina
6 A Telefonista na Floresta Predial
7 Fulana
8 Coração Burro
9 Belo Estranho Dia de Amanhã
10 Pobretown
11 Atirador
12 Cano na Cabeça
13 Roupa no Varal
14 Melhor do que Eu Sou
15 Tem Juízo Mas Não Usa
16 2 Olhos Negros
17 Geusa + Ah, Se Eu Vou
18 Agora , Corra
19 Discovery

São 10 canções do disco novo. 5 delas estão bombando no myspace.com/lulaqueiroga . Tivemos mais de 10 mil plays em 20 dias. Hoje tá passando de 1500 plays por dia. Rede é foda. Como diz meu brother Silvio Meira: a progressão deixa de ser aritmética pra ser geométrica. Bola de neve. Daqui a pouco disco inteiro vai estar disponível pra download. Pelo amor de deus, pirateiem e repassem pros amigos

E tem uma novidade. O site novo. Ainda está em finalização, mas já ta no ar – http://www.lulaqueiroga.com.br. Não tem loading. Já entra de cara na capa do disco e é só clicar num dos tópicos enormes: myspace, youtube, flickr, wordpress (onde ta hospedado este blog), Orkut, e-mail. O nome do cara da capa é Luca. Foto de Anna Barroso-madrinha, feita com máquina automática há um ano e meio atrás. No “Tem Juízo …” tem um texto editorial sobre ele. Hoje ele tá maior, mais torado, cabelo grande, pura explosão. É incrível como a gente consegue amar criaturas que morrem todos os dias, dando lugar a outra pessoinha e outra e mais outra. Daqui a pouco tá do meu tope. Ainda bem. Este texto foi escrito no início do ano passado:

Luca tem 2 anos. Esse cara aí da capa. Quando a gente começou a criar os sons desse disco ele não tinha nascido.

Ele é um precog. Hoje as crianças nascem de olho aberto. São crianças wireless. Luca não tem fio. Ele consegue escutar frequências subsônicas que tentam formatar sua noção de memória, seu domínio emocional, sua força física e seu juízo.

Essas freqüências são faíscas cognitivas que, pela pouca idade de Luca, são recebidas pelo cérebro mas não devidamente codificadas e classificadas por áreas de forma organizada. Sua mente é uma floresta intacta cheia de borboletas holográficas esvoaçando trêmulas, um disco virgem com teras e mais terabytes a desbravar.

Enquanto eu escrevo agora, a cabeça de Luca está comparando padrões, cutucando relevos, analisando prazeres. Se ele estiver dormindo, também. Sonhando a coisa anda mais rápido ainda.

Luca é a pessoa mais feliz que eu conheço. Tem tudo que precisa. Mas só usa o que quer.

Olhe pra cara dele. Um amuleto com olhos de Red Bull.

Um dalai caucasiano chegando ao ápice da sua plenitude terrestre.

Pronto para anunciar o óbvio.

O juízo inicial.

Luca tem 2 anos. Luca tem família, casa, comida e carinho.

Interligações neuronais perfeitas. Reflete imediatamente aos estímulos. E joga moeda pela janela.

Luca tem juízo.

Mas não usa.

E a conversa fica aqui. Ponto e virgula.


Ensaio pro show de lançamento

Salto no tempo. Início de 2009. Aluguei uma casa na beiramar de Serrambi, litoral sul de PE, entre Porto de Galinhas e Carneiros. Passei dias luminosos com meus filhos e amigos. Aluisio, Rosália e Djalma, vizinhos. Diante da luxúria da natureza e de suas gemas preciosas. Toda vida na terra vem do encontro desses dois elementos primitivos: calor e umidade. Sol e mar. Em Serrambi, do ponto da enseada onde estávamos, o sol se põe no mar a nossa frente, entre coqueiros.

Lá, durante 3 dias fizemos algo semelhante ao que tínhamos feito anos atrás, como eu citei na última postagem. Junto com Normando montamos um set de som para criação e ensaio na varanda da casa, em frente `a palhoça, `a piscina e ao mar. Dessa vez com Yuri, meu sobrinho e Eduardo Braga(A Roda) nas guitarras.

Os ensaios começavam quase sempre depois do por do sol e extendiam-se madrugada adentro. Incrível que o som tava bem alto mas ninguém da vizinhança chiou. Era o início da fase de ensaio do novo som. Tocamos o set list do show, mexemos em arranjos. Ouvimos sons no Ipod. Nine Inch Nails. General Eletricks. Tom Zé. Beck. DJ Dolores. Portishead novo. Lenine. Not Twist. Dread side of the moon, Bezerra da Silva, 3 na Massa.

Inventamos um vôlei dentro dágua, que virou a sensação da praia. Ninguém podia deixar a bola cair. O mar e as marolas eram os adversários. Baixo impacto. Som nas caixas de Normando.

O lançamento vai ser dia 26 de março no teatro da UFPE. Foi mágico ter começado a ensaiar dessa maneira. Lucky no baixo, Tostão na batera e no SPDS, Fabra nas programações e teclados, alem de Eduardo e Yuri que eu já falei. Só faltou meu querido Lucas dos Prazeres, que não teve como ir. Mas que vai estar com a gente na percussão. Aliás toda essa galera é a mesma que tocou no disco.

Flashback: chamei meu sobrinho Yuri pra produzir comigo o “Tem Juízo”. Início de 2007. Durante o processo de gravação foram surgindo parcerias. “Altos e Baixos”, Barulho da Gota”, “Meus Pés”, “Coração Burro” foram trocas de faíscas criativas nossas, quase sempre fluindo a partir de um texto, uma groove. Quando gravamos “Aboiando a Vaca Mecânica” (co-produzido com Felipe Falcão) Yuri tinha 13 anos.

Yuri é filho de minha irmã Nena, genial cantora e de Spock, maestro e sax fodão. Acompanho desde pequeno sua obsessão com música. Seu interesse precoce por instrumentos e sons. Produziu comigo e Tostão o último disco de Elba “Qual o assunto que mais lhe interessa” (ganhamos um Grammy latino), as trilhas do longa “Pindorama , a verdadeira história dos 7 anões” (dirigido por Roberto Berliner, Leo Crivellare e eu). Fez a vinheta de abertura do Agora Curta, um programa semanal de cinema que a gente faz na Globo NE. Tá tocando com uma porrada de gente: China, Dolores, Ortinho, Rivotrill. Antenado e corajoso. Yuri nunca perde a noção do adequado. E ainda pira. Puta parceiro.

Pro set list do show a gente pinçou musicas dos 3 discos “Aboiando a Vaca Mecânica”, “Azul Invisível Vermelho Cruel” e “Tem Juízo mas não Usa” . Além de parcerias com Lenine gravadas por ele. Ficou assim:

Pode ser que mude. Mas essa é a base. Quem tiver idéia (ideia) melhor que mande sua opinião. Idéia é pra ser trocada.


ABRE-TE BLOG.

Reino da palavra, tema livre, Tem Juízo, Andre Breton, escrita automática, Brasil x Austrália, 15 min, hifen.

*Eu queria que esse espaço abrisse um leque de finalidades. Todas de aproximação. Sim, porque a palavra que aproxima é a mesma que afasta e viceversa. E este é o reino da palavra. Escrita. Aqui se faz aqui se escreve. Viceversa. Benvindos ao assunto.

*Então tá: Passamos da fase analítica e entramos na fase substantiva. Pra participar basta escolher o tema: música barroca, texto futurista, poesia popular ou tema livre. Com o tempo a gente vai descobrindo a melhor opção.

*Pode aproximar/ Pode Reagir/ Pode admitir/ Ou nem perceber. Como diz a música título do novo disco TEM JUÍZO MAS NAO USA.

*TEM JUÍZO MAS NAO USA se chamava Tudo Enzima e começou a ser formulado há 3 anos. Surgiram as primeiras canções, no estúdio de filmagem aqui da Luni – Casa Amarela – Recife – Brasil.

*A gente levou todo equipamento de gravação pra lá. Adaptamos a acústica montamos um cenário com as tapadeiras do show. Filmamos e fotografamos esses dois dias. Tudo registrado.

*A coisa funcionava assim: a banda a postos, eu puxava uma história qualquer no violão ou batucando, improvisando um tema musical. As pessoas iam entrando, a levada, o riff da guitarra, a linha do baixo, os grooves do teclado. Aquele feixe melódico sonoro se repetindo e se auto lapidando. Nascendo ali na frente dos nossos ouvidos.

*Andre Breton, o inventor da Escrita Automática, radicalizou no conceito central: o que não puder ser criado em 15 minutos não vale a pena. Breton era um francês doidaço do século passado. Mas o papo é bom, força a barra, instiga ao desafio. VOCÊ ESTÁ NO JOGO E O JOGO E DE AÇÃO. Cada sessão, 15 minutos. Priu.

*Um desses tantos 15 minutos aconteceu no intervalo de um amistoso Brasil x Austrália. Alguém abriu a porta do estúdio e avisou que ia começar o segundo tempo. Fim de sessão. A levada e a melodia que surgiram foram editadas ganharam um texto e a música é MANGA, GAVIOLA E HORTELÃ. O Brasil ganhou não sei de quanto. A gente também.

*A gente: Tostão, Lucky, Fabra, Lulu e eu. Mais Léo Dim chefiando a captação e o multitrack, Marcelo Lira (fotossequência), Luiza 7 (produção), Marcelo Massacre (Faces do Subúrbio) assistindo e rindo.

*Tem outra música do disco: AGORA CORRA que surgiu nestes instantes preliminares. A gente mesmo sem saber estava batendo o centro de uma nova partida.

*E o primeiro estágio foi assim. Por hoje: game-over. O hífen é meu. Boto onde quiser. Até já.